Danilo Di Prete buscou o cosmo e nele e a sua liberdade que sempre se fez urgente. Esse cosmo ele alcança através de misteriosos fulgores de pedras, fundos de garrafas, redes de nylon, num arrojado sincretismo de recursos que elevam sua obra ao mais alto gabarito de arte internacional.
Deixando uma Itália devastada pela guerra, Di Prete - artista já maduro - chega ao Brasil em 1946 e encontra em São Paulo a oportunidade que buscava para desenvolver seu trabalho. Na luta pela sobrevivência desenha cartazes e é através deles que inicialmente se faz anunciar. Já seus primeiros trabalhos despertam a atenção do poeta Guilherme de Almeida:... "E vi, adiante, à frente de outros tapumes, grupos parados, olhando o mesmo cartaz, o cartaz "certo", isto é, fascinante e, pois, eficiente. Tudo o que sei, tudo o que não ignoro é que esse é o primeiro cartaz nacional que conheço digno de ser visto... Isto é um Cartaz (a maiúscula se impõe). Ao lado dele, por aí, esses horrores que... mas nem é bom falar".
No início da década de 50 Di Prete já pode avaliar o tempo e o espaço em que vive. Percebe que é chegado o momento de preencher um vazio que sente e expõe a Ciccilo Matarazzo, então fundador e presidente de Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) sua idéia arrojada da formação de uma exposição internacional nos moldes da Bienal de Veneza. Com ela pretende um intercâmbio maior entre arte e artistas. Nesse momento é plantada a semente da Bienal. Di Prete foi, não só seu idealizador mas também quem a concretizou, em 1951.
É a partir de então que se firma como um personagem dentro do panorama das artes participando como artista plástico da I Bienal Internacional de São Paulo e recebendo o 1º prêmio com sua natureza morta: "Limões". Nas Bienais subseqüentes conquista vários outros prêmios. Sua obra reflete sua imensa energia. Foi um artista múltiplo: compôs painéis e murais para edifícios públicos, desenhos para selos comemorativos como por exemplo o do IV Centenário da cidade de São Paulo, ilustrações para livros, além de desenhar e executar pequenos móveis e objetos.
Seus trabalhos estão espalhados por diferentes museus e coleções do Brasil, Europa e Estados Unidos.
Na sua obra Di Prete mostra movimentos, passagens, mutações. É um balé prodigioso com esferas de texturas luminosas e de feixes coloridos. Com Di Prete viajamos de maneira extasiada e inquietante, nos limiares da poesia e das realidades do mundo contemporâneo. Seu olhar na arte é instigante e atemporal.
Gilda Baptista