"Pinto com as mãos e uso o crânio"
José Antonio da Silva
Junho de 1976. Eu tinha 25 anos de idade e voltava de São José do Rio Preto com o amigo Roberto Rugiero ao som de uma fita cassete de Gilberto Gil, do disco "Refazenda". Havíamos acabado de adquirir 22 pinturas de José Antonio da Silva, diretamente do próprio artista, para a realização de uma exposição e, olhando a paisagem rural, percebemos que a combinação entre música e pintura mostrava a verdadeira imagem do povo brasileiro.
Na mesma época, tive a felicidade de conhecer o professor Pietro Maria Bardi, com quem mantive um ótimo relacionamento profissional e de amizade até seu recolhimento nos anos 90. E Bardi afirmava categoricamente que José Antonio da Silva era o mais autêntico pintor brasileiro.
Hoje, coincidentemente 25 anos depois da viagem e passados cinco anos desde seu falecimento, homenageio o artista apresentando esta exposição, onde 22 das obras reunidas são absolutamente inéditas.
Ao contrário dos que consideram um artista primitivo, acredito que Silva vai além desta fronteira, pois tem em sua pintura a criação em torno do que enxergava, utilizando a pureza e o sentimento que vinham de sua personalidade, simbolizados também pela força das cores que utilizava.
Ricardo Camargo
Outubro/2001