Comemorando o 2º aniversário da minha galeria, é com especial satisfação que apresento aos clientes, colecionadores e amigos, esta seleção de 21 pinturas de Vicente do Rego Monteiro, anos 1967/68 com a gentil colaboração de Carlos Ranulpho, marchand do artista durante seu último período de vida.
Há por parte de alguns colecionadores, preconceito injustificado em relação aos últimos anos de sua produção, onde ele retomaria alguns temas e características de suas obras dos anos 20, alegando que sua obra somente teria validade naquele período.
Reconheço a força do artista nos anos 20. É inconstestável a beleza de suas pinturas "dégradés", abrangendo temas mitológicos, bíblicos, indígenas entre outros. Mas precisamos aprofundar também nosso olhar nas obras dos anos 60, onde ele suaviza e geometriza sua coerente linguagem, abordando o riquíssimo imaginário de seus novos temas, alguns tipicamente brasileiros, retificando sua originalidade incomum como verdadeiro mestre do modernismo.
É preciso considerar que o maior gênio de todos, Picasso, o precursor do cubismo no início deste século, sua melhor e mais valorizada fase, não invalida suas pinturas dos anos 50/60 apreciadas e disputadas no mercado internacional. Não esquecendo que um dos principais marchands de Picasso, Leonce Rosemberg, expôs e comercializou outro legítimo herdeiro do cubismo: Vicente do Rego Monteiro.
A maravilhosa retrospectiva do pintor, recentemente realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, com a curadoria e competência do Profº. Walter Zanini, mostrou toda a importante trajetória deste genial artista, tornando desnecessário acrescentar qualquer comentário privilegiando esta ou aquela fase pois ali fica claro que todas tem a mesma intensidade, cada qual com características próprias.
Ricardo Camargo