Provincianismo. Falta de memória. Injustiça.
São Conceitos que afluem à razão quando se pensa na verdadeira maldição pousada sobre Alfredo Volpi.
Reverenciado por cabeças capitais como "o mais importante artista brasileiro vivo", Volpi foi durante quase duas décadas o darling do Mercado.
Colecionadores obsessivos vasculhavam todos os recantos para incrementar ainda mais suas posições. A crítica era vibração só. Volpi foi documentário, camiseta, capa de revista, folhinha, discurso de político, livros e teses, até gravura foi sacada daquela cartola dourada e inesgotável.
De repente, terremoto.
No final de sua existência, um véu de incerteza é lançado sobre a obra do artista e ele acaba deixando de ser moda. Os ícones agora são outros.
Há cerca de 3 anos venho tentando realizar uma grande individual de Volpi e as dificuldades não tem sido poucas. QUem tem não quer vender, por acreditar que os preços atuais estão muito defasados. Quem não tem permanece indiferente, pois, como é sabido, colecionador brasileiro prefere comprar na alta, quando é aconselhável exatamente o contrário.
Esta pequena mostra reúne 13 trabalhos, todos à venda, produção dos anos 20 aos anos 70, das primeiras pinturas a óleo às têmperas que caracterizaram sua última fase. Não é certamente a grande individual que eu gostaria de fazer. É uma sala especial, uma mostra mais simples. Que acabou sendo homenagem até mesmo no estilo, na referência à modéstia e ao despojamento do grande Mestre.
Ricardo Camargo